Os tempos de “Martulah”, de ruas cheias e “impregnadas” de sons, cheiros e sabores tipicamente árabes, estão de regresso a partir desta quinta-feira, 19, à vila de Mértola, que acolhe a 11ª edição do Festival Islâmico.
O evento, de cariz bienal, que não se realiza desde 2019 e que em 2021 acabou por ser adiado devido à pandemia de Covid-19, é uma iniciativa da Câmara de Mértola, em parceria com diversas entidades locais, tendo como grande objetivo “celebrar a interculturalidade intrínseca da relação histórica” da vila banhada pelo Guadiana “com o mundo islâmico”.
“As expetativas são altas”, reconhece ao “CA” o presidente da autarquia, Mário Tomé, acrescentando que o festival, que se prolonga até domingo, 22, “tal como os outros eventos realizados” pelo município “estão englobados numa lógica coletiva de promoção e valorização do território”.
O autarca mertolense reforça ainda que o Festival Islâmico é, “sem a menor dúvida, o maior e mais importante evento de Mértola, com uma dimensão que ultrapassa as próprias fronteiras do país e com uma logística complexa e desafiante”.
“É esta riqueza cultural e comprometimento de todos os trabalhadores da autarquia em conjunto com a comunidade, que permite receber milhares de visitantes nos dias do certame, tornando-o extremamente relevante em todos os campos do quotidiano”, seja “no impacto económico no concelho, pelas receitas que deixa na economia local, seja pela promoção cultural do território assente nesta herança islâmica”.
Em 2022, o Festival Islâmico de Mértola (FIM) volta a ter como principal “chamariz” o souk, mercado de rua tipicamente árabe que, este ano, irá ocupar a rua de acesso ao Largo da Igreja Matriz, no centro histórico, sendo igualmente alargado para a envolvência do Largo Vasco da Gama e das ruas que lhe dão acesso.
A música é outro dos atrativos do evento, com destaque para o concerto de abertura, às 22h30 no cais do Guadiana, a cargo do grupo “Ao Sul – Música do Alentejo”, que junta Celina da Piedade, Ana Santos, o Eduardo Paniagua Ensemblee o Grupo Coral da Mina de São Domingos. Depois, pelas 24h00, os portugueses Nomadatuam no anfiteatro do castelo.
Na noite de sexta-feira, 20, será a vez de atuar o coletivo Tamikrest, do Mali, Niger, Argélia e França (22h30 no cais do Guadiana), e os portugueses do Trio Alcatifa (00h30 no anfiteatro do castelo).
Para sábado, 21, estão previstos, entre outros, os concertos dos portugueses Vahdat Ensemble (19h30 no anfiteatro do castelo), do grupo Al Qasar, de França, Marrocos, Argélia, Egito e EUA (22h30 no cais do Guadiana), e dos turcos Hey Douglas (00h30 no anfiteatro do castelo).
Finalmente, no domingo, 22, está previsto um espetáculo de encerramento a partir das 18h00,m que juntará no Largo Vasco da Gama os grupos corais “Guadiana de Mértola” e “Os Caldeireiros de São João”, as Adufadeiras de Idanha-a-Nova, os Almoradux, o Rancho de Cantadores de Vila Nova de São Bento, “Os Alentejanos” e o Centro Cultural Dar Ziryab.
O programa do FIM 2022 inclui ainda exposições de pintura, de fotografia, de instrumentos de corda do Médio Oriente e de cerâmica islâmica, assim como oficinas de cante, de instrumentos de percussão, de cestaria, de cerâmica, de azulejaria, de esteiraria ou de aromas e sabores, entre outras.
Ao longo dos quatro dias de evento terão igualmente lugar diversas conferências, atividades para os mais novos, visitas guiadas à horta biológica e ao Convento de SãO Francisco, uma “Noite de Dihkr” (a partir das 21h00 de sexta-feira, 20, organizada pela Comunidade Islâmica de Espanha no salão dos Bombeiros Voluntários”, e um espetáculo de dança com os “Almoradux” (a partir das 16h00 de domingo, 22, no Largo do Rossio).